"Uma morte por overdose. Um fanático estudioso da Bíblia. Um pássaro lendário. Pesadelos com zumbis. Coisas tão diferentes podem habitar a vida de uma única pessoa? Cullen Witter leva uma vida sem graça. Trabalha em uma lanchonete, tenta compreender as garotas e não é lá muito sociável. Seu irmão, Gabriel, de 15 anos, costuma ser o centro das atenções por onde passa. "
POR HANNAH SALES
Edição: 1 Editora: Novo Conceito ISBN: 9788581633848 Ano: 2014 Páginas: 224 Tradutor: Carolina Caires |
Quando tudo Volta vai nos mostrar a vida de dois personagens
completamente distintos, Cullen Witter e Benton Sage. Cullen Witter é um rapaz
reservado e um tanto peculiar que mora em uma cidade minúscula e está tentando
compreender o mundo depois do desaparecimento do irmão e o aparecimento de uma
ave extinta, o Benton Sage também está tentando descobrir o mundo, mas de uma
forma completamente diferente, ele foi criado em uma família extremamente
religiosa e se depara com situações que colocam a sua fé em xeque.
Foi um alívio pegar um livro com um personagem principal
masculino depois de tantos livros com o oposto, acho que a minha curiosidade
pela visão masculina sobre as coisas não acaba nunca, é um livro curtinho que
pode ser lido em apenas algumas horas, mas vá com calma... aprecie os sabores
das palavras e não apresse a digestão dos acontecimentos. Quase saí atropelando
essa leitura, queria descobrir todos os porquês lendo logo tudo de uma vez, mas
felizmente não tive tempo suficiente pra isso e nos intervalos foi que pude
refletir sobre os temas abordados, acho que isso fez toda a diferença, ainda me
pego pensando nesse livro.
Só o fato de encontrar algo inovador na narrativa já me faz
feliz, quando o fator inovador funciona, melhor ainda e na minha opinião
funcionou direitinho! John Corey tem uma narrativa singular com uns elementos
diferentes que deram ao texto uma textura muito boa, ele ora usava a narrativa
comum - 97% do livro - em primeira pessoa para o Cullen e em terceira para o
Benton, ora optava por uma abordagem meio desfocada, como se o personagem
principal estivesse em transe - soube usar esse recurso nos momentos certos – e
ora dava ao personagem principal umas alucinações loucas envolvendo zumbis que
me deixaram meio “wtf?”, mas ok - foram as únicas partes do livro que não me
conquistaram-.
Os personagens tem vários níveis de profundidade, alguns foram
críveis outros não. O Cullen é um bom garoto, vê a vida de uma forma diferente
-o que eu amei-, mas vive na sombra do irmão e do melhor amigo e por falar
nesse melhor amigo, acho que ele foi um pouco negligenciado, estava sempre por
perto, mas não teve a personalidade bem delineada. O Gabriel -irmão do Cullen-
pouco aparece no livro, mas o autor vai construindo uma empatia tão grande
através das descrições e lembranças do Cullen que até eu queria esse menino de
volta, foi o meu personagem favorito do livro. O Benton faz de tudo para deixar
o pai orgulhoso, incluindo se tornar um missionário e é em uma dessas missões
que ele descobre o que vai determinar o rumo do livro.
Duas estórias completamente diferentes, mas se colidem de uma
forma muito inesperada, no começo não tinha a menor ideia sobre como os dois
núcleos estariam relacionadas, as coisas foram evoluindo e o autor conseguiu me
surpreender com a resolução dos problemas apresentados.
Vi que os que já leram o livro possuem opiniões opostas, ou
amam ou odeiam, faço parte do grupo que amou, é o tipo de livro que te faz
pensar um pouco, tem muitas coisas nas entrelinhas e é recheado de metáforas. A
leitura flui legal, os capítulos são curtos e te deixam querendo mais. O ritmo
é tranquilo, quase lento, mas de uma forma boa... transmitiu bem o clima da
cidade.
Uma das coisas mais maravilhosas desse livro é a diagramação, a
Novo Conceito simplesmente arrasou! Pequenos passarinhos enfeitam as pontas de
todas as páginas e a cada novo capítulo encontramos nuvens, além dos pássaros.