Passarinha, por Kathryn Erskine - Valentina

No mundo de Caitlin tudo é preto ou branco. As coisas são boas ou más. Qualquer coisa no meio do caminho é confuso. Essa é a máxima que o irmão mais velho de Caitlin sempre repetiu. Mas agora Devon está morto e o pai não está ajudando em nada. Caitlin quer acabar com isso, mas como uma menina de onze anos de idade, com síndrome de Asperger ela não sabe como. Quando ela lê a definição de encerramento ela percebe que é o que ela precisa. Em sua busca por ele, Caitlin descobre que nem tudo é preto ou branco, o mundo está cheio de cores, confuso e bonito.



Edição:
 1
Editora: Valentina
ISBN: 9788565859134
Ano: 2013
Páginas: 224
Tradutor: Heloísa Leal
Meu primo de 13 anos que foi diagnosticado com nível médio de síndrome de Asperger(autismo),  então vez ou outra ele tinha seus momentos de surtos nervosos. E eu observava ele, conversava com ele, minha curiosidade era tentar entender como era a visão dele de mundo, o mundo que ele tinha em sua mente.

Eis que surge Passarinha, escrito pela autora Kathryn Erskine, residente do estado de Virginia, que ficou - como todo o mundo ficou - abalada com o massacre que aconteceu em 2007 na Virginia Tech University. Para quem não lembra do acontecimento fatídico, no dia 16 de abril de 2007, o mundo viu em suas televisões o ataque a uma universidade, que entrou na história, por ser o ataque mais mortífero acontecido em uma universidade dos EUA. Foram contabilizados 33 mortes e mais de 20 feridos. E Kathryn não queria deixar aquele acontecimento ser ofuscado pela passagem da história.

Então ela teve a brilhante ideia de escrever uma história que contava as consequências de uma família cujo um membro teve um fim trágico no massacre, e foi além, decidiu unir a isso o mundo de uma criança com necessidades especiais e como ela se lida com os impactos da violência. Isso tudo unido e escrito brilhantemente, nos fazendo refletir o quanto o mundo seria diferente se o 'eu', 'meu', simplificando o individualismo fosse substituído pelo 'nós', 'nosso', o coletivismo, quando compreendemos o próximo.

Caitlin foi diagnosticada com Síndrome de Asperger logo na infância, e aos 11 anos ela tenta conhecer os significados das palavras e começar a agir a partir dos significados. É nesse momento que ela encontra o significado da palavra DESFECHO - Caitlin então, tenta encontrar o desfecho de sua vida, o desfecho que melhoraria seu pai - que estava em transe com a morte de seu filho no massacre de Virginia(ou como Caitlin gosta mencionar, o Dia Em Que A Nossa Vida Desmoronou)-.

Mostrar a protagonista, com autismo, não sendo uma vítima foi um dos pontos fortes da leitura, ver uma pessoa que necessitava de maiores cuidados, levar uma vida mais forte e independente que muitas crianças consideradas 'normais' pela sociedade. 

Então chegamos ao melhor de tudo, aquilo que me deu ainda mais prazer de ler, a leitura é em primeira pessoa, ou seja, a história toda pelo olhar da Caitlin, pelo olhar de uma pessoa diagnosticada com autismo, enfim conheceria o mundo deles. E me surpreendi. Explicar em poucas palavras, em poucas frases, seria uma missão beirando ao impossível, e descobrir esse mundo lendo o livro Passarinha é bem melhor. Então leiam o livro, o mundo deles é impressionante.

Os personagens secundários são bem explorados, a psicóloga da escola de Caitlin, os amigos da escola, seu pai, todos bem explorados e bem colocados. 

Os detalhes que autora colocou nos livros são regados a sentimentos e emoções. Cada elementos da narrativa acaba por ter uma significado especial, que vai muito além do simples significado que sua palavra condiz. Um livro bem planejado e bem estruturado, que acaba por fazer o leitor ou ler em um só fôlego ou desfrutar de cada palavra, como se fosse uma poesia, onde a cada estrofe uma reflexão surgia.

Passarinha, que recebeu uma diagramação especial e muito bem feita da Valentina, não deveria ser uma leitura obrigatória. A obrigatoriedade acabaria por tirar o tão de especial que o livro tem, mas a vontade e a curiosidade das pessoas para lerem esse livro, sim, deveria ser obrigatório.

Um livro para ser refletido. Um livro para ser perguntado. Um livro tão sensível quanto o bater das asas de um pássaro. Esse é Passarinha.

Ideval Junior

Capricorniano. Blgoueiro nos tempos livres. Adimirado pela sua Estante. 18 anos.

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