Após o desaparecimento repentino de seu pai, Gabriella Mondini enfrenta uma crise: sem o seu aconselhamento, ela não pode mais praticar a medicina. Então, junto de seus dois fiéis servos, Olmina e Lorenzo, ela explora toda a Europa para descobrir para onde — e por que — ele se foi.
Como disse pelo twitter nesse meu recesso irei fazer uma maratona Novo Conceito, tenho muitos livros bons e não lidos dela acumulado na estante, e vou começar a dar vida a eles. E o primeiro que vi e fiquei curioso foi O Livro da Loucura e das Curas, por apresentar uma temática mais adulta.
O mundo estava errado. Havia vazio por todos os lugares. Meu pai se fora, meu marido morrera e meu coração silenciara
A história se passa no ano de 1590, em Veneza, em foco na personagem Gabriella ou Doutora Gabriella Moundini, que quando perdeu seu marido voltou a morar com seus pais. Seu pai é um respeitado médico da época, onde está escrevendo um livro diferente, um livro que segundo ele, irá mudar a história da medicina, e a sua filha o ajuda construção deste livro, que mostra diversas doenças com suas respectivas curas.
Se sentindo preso intelectualmente em sua cidade, o pai de Gabriella decide viajar em busca de mais informações sobre as doenças e as formas de cura. Sumiu. 10 anos após, Gabriella decide ir em busca de seu pai, seguindo os locais das cartas que ele lhe escreveu nos últimos 10 anos, abandonando tudo o que tinha em Veneza e partindo para uma aventura.
Cenas de tragédias, mortes e terror são vistas por Gabriella na viagem. Cidades onde todas as mulheres foram mortas por serem tarjadas de bruxas; pais, mães, filhos morrendo por doenças sem cura. Gabriella se envolve em diversas situações inusitadas, e tragédias, mergulhando ainda mais no mundo em que seu pai criara no livro e tentando terminá-lo com suas edições.
O Livro da Louca e das Curas, escrito por Regina O'Melveny, tinha uma ótima temática nas mão, que poderia ter feito do livro uma história fantástica, um livro voltado mais para o lado psicológico da vida. Porém o tema doença e cura foram retratados no livro de forma superficial, dos dois citados a doença é mais retratada, que aliás, no livro, a inveja e outros maus que a sociedade contemporânea sofre era causada por um verme negro, a falsidade era uma doença representada por espelhos.
O livro é marcado por repetições, onde uma vez que foi falado da ida de Gabriella em busca de seu pai, esse motivo não precisava ser lembrado em cada capitulo, e em piores partes do livro, em cada parágrafo; isto só não dificultou o desenvolvimento do enredo, como tornou a leitura enfadonha. A intenção da autora era tornar o livro um meio filosófico com o uso de metáforas ao longo da narrativa, porém foi falho pelo excesso de metáforas, onde o que era para ser filosófico se tornou desconexo, tornando algumas partes confusas ao leitor.
A descrição dos ambientes por onde Gabriella peregrinou foi um ponto positivo, mostrando que a autora teve todo um cuidado de pesquisar para descrever muito bem os locais, tornando tudo muito real, e levando o leitor às tragédias da época onde uma vila era dizimada por uma doença com cura desconhecida, onde mulheres eram mortas em fogueiras com títulos de bruxas; e o caso de repressão contra as mulheres é muito bem retratado pela personagem, que em alguns lugares foi necessário cortar o cabelo, vestir roupas masculinas, para tentar fugir da contenda contra a mulher. A autora coloca no livro a história do folclore e mitos da época, que poderia ter explorado mais e ter aplicado na história, e não só ter mencionado em um capítulo e deixar por lá.
A editora está de parabéns com a diagramação, caso não fosse as letras grandes, o bom espaçamento, ilustrações para melhor visualizar, era certeza que teria abandonado o livro, mas dá gosto de ler só pelo belo trabalho da Novo Conceito, que mais uma vez acerta.