[Olhar Divergente] Uma Canção de Fantasia e Horror!




A música sempre foi um elemento crucial nas civilizações humanas e na relação entre as pessoas. 

Desenvolvida no paleolítico médio, onde os proto-humanos e os homo sapiens aprenderam a controlar a altura, a intensidade e o timbre da voz, ela levou 30 mil anos para passar das canções para a produção de instrumentos musicais. Não seria errado supor que, depois da fala, a música é a mais antiga companheira do homem.

Deste modo não é de se admirar que a literatura tenha se apossado dos seus meandros. O site Small Demons traz uma listagem das dez canções mais citadas na literatura, notadamente concentrando-se na americana/inglesa. A lista, em ordem crescente de citações é:
- Bohemian Rhapsody (Queen)
- Smell Like Teen Spirit (Nirvana)
- Billie Jean (Michael Jackson)
- Lucy In The Sky of Diamonds (The Beatles)
- Stairway to Heaven (Led Zeppelin)
- Blue Suede Shoes (Elvis Presley)
- Dancing Queen (AbbA)
- We are The World (vários artistas)
- Heartbreak Hotel (Elvis Presley)
- Hey Jude (The Beatles)

Paulo F. (Ed. UnderWorld)
Hey Jude aparece em livros tão diversos como Wolves of the Calla (Stephen King) e An Accidental Woman (Barbara Delinsky). A banda inglesa Iron Maiden aparece em quarenta e quatro livros: Lord of the Vampires (Jeanine Kalogridis), Hounded (The Iron Druid Chronicles – Kevin Hearne) e World War Z (Max Brooks) são só alguns títulos. Há vários outros exemplos; Conan Doyle/Sherlock Holmes cita Pablo de Sarasate, um violonista espanhol clássico, e Richard Wagner. Em Dez Canções de Amor (Ed. UnderWorld), Paulo F. nos apresenta a jornada de um rapaz em busca do amor. Para cada situação, uma música tema, que passa de Nei Lisboa a Los Hermanos.

Basilet
A ficção de fantasia também tem abusado da musicalidade para transpor o leitor aos mundos somente imaginados pelos autores. Em Duna, a genial saga de ficção científica de Frank Herbert, somos apresentados a um instrumento original, chamado Basilet, uma espécie de violão de nove cordas. Gurney Halleck, mestre de armas da família Atreides, sempre carrega o basilet de um lado para o outro e costuma brindar os seus companheiros com canções folclóricas embaladas no seu peculiar instrumento. Tolkien também abusa da musicalidade, principalmente embasado na tradição dos bardos medievais: suas canções são praticamente sagas em forma de versos. Elfos, hobbits e humanos têm suas próprias canções, que permeiam praticamente todo o texto. Em os Filhos de Anansi (Neil Gaiman), existe um cortejo fúnebre regado ao bom e velho jazz. Há outros exemplos, como as citações esporádicas de óperas em Artemis Fowl ou mesmo As Esquisitonas, banda pop-witch que aparece em Harry Potter e o Cálice de Fogo. No entanto, em ambas as ocasiões, a música aparece mais como um elemento acessório e passageiro do que um catalizador das atenções.

Me parece que falta ainda uma saga centrada no bom e velho rock and roll. Em Streets of Fire (Ruas de Fogo), o filme de 1984 pretendia atingir este público. Vendido como um fábula de rock and roll, o filme foi dirigido por Walter Hill, que atingira grande prestígio depois do ótimo “The Warriors” (Os Selvagens da Noite, no Brasil), um filme que atingiu o status de cult movie por tratar de gangues de rua de forma nua e crua (aliás, recomendo!). E, apesar da presença de atores do calibre de um Williem Dafoe e contar com uma trilha sonora que foi encomenda especialmente para o filme, a coisa degringola rapidamente. A história é boba até não poder mais; serve apenas como diversão descompromissada de um sábado à tarde.

Ainda no cinema, o Queen foi responsável pela trilha sonora de dois filmes de cunho fantástico. O primeiro foi Flash Gordon, lançado no CD de mesmo nome. O segundo é um dos melhores filmes de fantasia e aventura já produzidos: Highlander! O CD A Kind of Magic é uma obra prima.

E a literatura fantástica, como é que fica? Fica nos devendo algo que explore a música em sua essência, creio eu. A Editora Estronho deve lançar ainda este ano a coletânea Sexo, Livros e Rock And Roll com autores que desenvolveram contos e crônicas que unissem o rock and roll à literatura ou ao erotismo.

Editora Estronho
Mas é pouco... é possível ousar mais.

Fiz uma pequena provocação neste sentido. É um conto rock and roll baseado em uma música do Raimundos. Disponibilizei no meu site; a história se chama Roda de Sangue!

Curtam lá e Up the Irons!




O filme Streets of Fire seria o primeiro de uma trilogia imaginada pelo diretor. O projeto não foi adiante, mas uma continuação não oficial foi lançada no ano passado: Road to Hell!
Somente Bruce Springsteen, Bob Dylan e Eminem ganharam Oscars de melhor canção com músicas que não eram associadas a cenas românticas protagonizadas nos filmes.
John Williams ostenta o recorde absoluto de indicações: 45. Seus trabalhos incluem a trilha sonora de Tubarão (1975), Star Wars (1977), ET (1982) e a Lista de Schindler (1993).

A.Z.Cordenonsi
Pai, marido, escritor, professor universitário 

Tem dois olhos divergentes e muito pouco tempo
página do autor - duncan garibaldi - facebook - twitter

Ideval Junior

Capricorniano. Blgoueiro nos tempos livres. Adimirado pela sua Estante. 18 anos.

Mantenha-se Conectado ao Blog