Páginas de Março

Eu o comecei ano passado, li o primeiro capítulo e abandonei. Resolvi tomar vergonha na minha cara e termina-lo. Fui surpreendido, pois gostei muito dos personagens, do cenário criado pelo autor e a Londres onde se passa a estória.

Dorian é um belo jovem, tímido e retraído. Não tinha uma vida social, e tudo muda quando conhece um lorde enquanto posava para o artista Basil. O tal homem despertara no rapaz uma preocupação que nunca passara por sua mente: a beleza é passageira e como as pessoas, de certa maneira, deixam de ser admiradas quando envelhecem. Aprofundando-se nesse sentimento, Gray faz um desejo, que sua beleza fosse mantida enquanto a do quadro esvaísse-se com o tempo.

Ser extremamente belo e adorado custou caro a Dorian, pois o levou a praticar pecados e a carregar nos ombros o peso de duas mortes, sem contar no descontentamento que causara a algumas pessoas.

A mensagem inserida na obra é a de que a beleza pode abrir portas, mas a pessoa que possui tal “dádiva” deve estar disposta a encarar aquilo que a acompanha, isto é, o ônus.

" - Todo efeito que causamos nos arranja um inimigo. Só é popular a mediocridade (Pág. 158)". 

O texto, por se tratar de uma peça teatral, é em forma de roteiro. A estória em si é mediana, mas não é ruim, tem lá seu potencial. O título induz o leitor a erro, uma vez que se acredita tratar realmente de uma casa de bonecas e que teremos crianças como protagonistas, mas depois de lido percebe-se o verdadeiro sentido. É um livro curtinho e fácil de ler, possível de fazê-lo em um dia, apenas.

Nora é dona de casa, casada com o advogado Helmer. O casal passou por uma fase muito ruim, Helmer ficou doente e eles não tinham o dinheiro necessário para que fosse realizado o devido tratamento, feito em outro país. Até então, Nora disse que seu pai lhe emprestara o dinheiro, porém, a verdade é que a mulher o conseguiu de uma maneira diversa e, é justamente em volta desse segredo que os fatos acontecem e a razão do título ser Casa de Bonecas é revelada.

Gostei de ler, diferente do que vinha lendo e um final interessante e reflexivo. Esse foi um dos livros que estavam guardados, uma vez que na época que o ganhei na escola não me chamara à atenção. 

Esse é o primeiro volume, o segundo chama-se O Verão e a Cidade, que pretendo ler em breve. Para quem não conhece a autora, ela escreveu Sex And the City, livro que inspirou a acalmada série de TV homônima.

O livro retrata a adolescente Carrie Bradshaw e seus amigos durante o último ano na Castlebury High. De forma divertida conhecemos a Carrie antes de Nova York e antes do ...SEXO. Conhecemos também sua família – pai e irmãs -, bem como os rapazes, principalmente Sebastian Kydd, seu namorado.

Seu sonho é ser escritora e por pouco não desiste dele, pois foi recusada num seminário avançado de literatura e acredita não ser boa o bastante. Nas reviravoltas presentes nas páginas, vemos uma garota lidando com os problemas de seus amigos, sua irmã Dorrit, a relutância do seu pai em não deixa-la muito livre para escolher o seu próprio futuro, e uma traição.

O fim é daqueles que deixam um gancho enorme para a sequência. Um livro de 400 páginas que são lidas rapidamente, devido à linguagem fácil e direta. Risadas garantidas com essa protagonista. Ah... Para quem não sabe, o livro foi adaptado para a TV, e é uma série muito boa, infelizmente a audiência está muito fraca e está correndo o risco de ser cancelada.

Esse é outro livro em forma de peça teatral e segundo o prefácio é uma comédia, o que discordo. Não achei graça em momento algum, foi mais para o lado do drama.

A mensagem apresentada por Molière é o famoso clichê de que “as aparências enganam”. Orgon confiava e acreditava em Tartufo, um homem que tudo se resumia em dar graças aos Céus (Deus) e que era benevolente. Orgon admirava o homem de tal maneira que realizou um acordo e pretendia dar-lhe em casamento a mão de sua filha, Mariana.

O restante da família desconfiava de Tartufo, principalmente Elmira, mulher de Orgon, que tivera provas da sua desconfiança. Ela, que vinha alertando o marido propõe uma forma de provar o que tinha em seus pensamentos: Esconde o marido enquanto conversa com o tal homem. Resultado: a máscara de bom homem cai e o Tartufo mostra quem realmente é, e ainda faz valer o acordo selado entre ele e o chefe da família, envolvendo a casa em que moravam.  Acalmem-se o “mal” não vence o “bem”, tudo se encaixa e acaba bem. 

Nem preciso comentar muito, não é? Que livro, que filme, que tudo... Dá vontade de falar para o Charlie “Seja meu amigo, por favor?”.  Não tem como não se envolver com essa estória e seus personagens, muito bem escritos e reais, como Charlie os descreve em suas cartas. Sem contar nas diversas referências literárias, musicais e cinematográficas compartilhadas conosco.

Demorei a ler essa lindeza por motivos alheios a minha vontade, que não convém compartilhar aqui, mas valeu a espera. Livro e filme estão entre os meus favoritos, pois são divertidos, envolventes, cativantes, faz querer participar e sentir-se infinito.