Título: Mundo Perdido
Autor: Patrícia Melo
Editora: Companhia das Letras
Número de Páginas: 205
ISBN: 85-359-0824-2
Este
é o segundo livro sobre Máiquel, anti-herói da história, o primeiro, “O
Matador”, conta a sua vida de justiceiro, como começou e onde terminou.
Em
“Mundo Perdido” 10 anos se passaram desde que Máiquel virou fugitivo da justiça
e, agora, busca por sua filha, Samanta, “sequestrada” por Érica, sua
ex-namorada.
A
vida de Máiquel está diferente, todos os seus amigos estão mortos, ou viraram
inimigos, sua tia, Rosa, morre e ele perde todos os seu parentes. Volta do seu
“exílio” para resolver a papelada e reclamar sua herança. Longe da sua atual
namorada, Eunice, ele pensa na sua vida anterior e resolve ir atrás da sua
filha.
É isso a vida. Uma fila para a morte. Gente morrendo todo dia, atropelado, de câncer, com um tiro na fuça. Você fica ali na fila, sem saber, e uma hora chega a sua vez. É nisso que acredito. Na fila.
Volta
a matar, mas não por querer, por obrigação. Máiquel está mais maduro, mais consciente
do mundo à sua volta. Suas perturbações estão bem desenvolvidas. Envolve-se com
“Sem Terra”, traficantes bolivianos, todo tipo de gente que se possa encontrar.
O
final é surpreendente, para muitos, estranho; mas, para mim, maravilhoso.
Apesar
de ser o segundo livro é possível entendê-lo sem ler o primeiro, sempre que
necessário há flashes, afinal, dez anos se passaram para ele e para nós (sim,
os dois livros têm um intervalo de dez anos nas publicações). Eu indico a
leitura ao contrário dos dois livros – “Mundo Perdido” e depois “O Matador” -,
você lê o desfecho da história e depois entende porque foi esse o final.
Patrícia
Melo faz um retrato da vida esquecida do Brasil, sem medo de causar espanto ou
repulsa, fala o que tem de falar e mostrar, não utiliza de eufemismo, para ler
tem que estar preparado para o choque, caso não seja acostumado com este tipo
de leitura. São livros pesados, não em “rococós”, mas na verdade “escarrada” no
papel. Linguagem quase esdrúxula em algumas partes. Os diálogos não são bem
definidos, não há separação entre eles e o texto. Narrado em primeira pessoa,
ou seja, ficamos presos à visão do Máiquel, o que pode, ou não, mascarar um
pouco. Literatura de qualidade altíssima, mas, pode causar estranhamento e
desconforto, leia sem preconceitos e veja o lado perdido do mundo.
Daniel Corbetta