Título: A Hora da Estrela
Autora: Clarice Lispector
Editora: Rocco
Número de Páginas: 87
ISBN: 978.085.635.989.7
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Olá, leitores do blog. Hoje apresentarei a vocês um livros de uma das maiores escritoras brasileiras: Clarice Lispector.
Muita gente sabe que o objetivo da obra de Clarice é sondar os lugares mais profundos do psicológico e dos sentimentos de suas personagens. Assim, ela consegue mostrar o conflito interno de uma maneira única, de um jeito que tanto marca seu estilo.
É exatamente essa introspecção que marca seu último livro publicado em vida, A Hora da Estrela.
Nele, somos apresentados a Ricardo S. M., o narrador da história e que, ao mesmo tempo, toma a forma de um dos personagens principais da história. O narrador nos conta sobre Macabéa, talvez a personagem mais miserável que você pode conhecer.
“Há os que têm. E há os que não têm. É muito simples: a moça não tinha. Não tinha o quê? É apenas isso mesmo: não tinha.”
Alternando entre a narração, as
reflexões de Macabéa e as do próprio Rodrigo S. M., conhecemos a história da
mulher. Nordestina, virgem e miserável, mal tem a consciência de que existe.
Depois de perder a tia, muda-se para o Rio de Janeiro, onde se emprega como
datilógrafa. Na sua vida sem graça, seu único passatempo é ouvir o rádio que
pega emprestado de uma das colegas. Porém, tudo muda quando ela conhece
Olímpico.
É uma história extremamente
simples. Nas palavras do próprio narrador: “Proponho-me
que não seja complexo o que escreverei”. Porém, Clarice constrói essa
simples narrativa num pilar de reflexão e introspecção, utilizando palavras e
metáforas que, além de nos fazer ler o mesmo parágrafo várias vezes, constroem
um sentido poético inigualável.
Através desse pilar, Clarice
Lispector nos leva a questões sobre a nossa existência, sobre o nosso papel
individual na sociedade e sobre quem somos nós. De algum modo, é possível se
identificar com Macabéa em algum momento da história. Quem nunca se sentiu perdido?
Quem nunca ficou em choque ao perceber a verdadeira realidade que nos cerca?
Quem nunca se apaixonou pela pessoa errada?
“Pois que vida é assim: aperta-se o botão e a vida acende. Só que ela não sabia qual era o botão de acender. Nem se dava conta de que vivia numa sociedade técnica onde ela era um parafuso dispensável.”
A escrita, porém, pode não
agradar a todos. Clarice Lispector possui uma linguagem própria, cheia de
metáforas, grafias próprias, frases articuladas de um jeito único e longos
parágrafos de filosofia e reflexão. Mas com um esforço acabamos nos envolvendo
na história de Macabéa e nos apaixonamos por ela, como o próprio narrador.
Eu já disse várias vezes aqui no
blog que gosto de livros que nos fazem pensar. Seja através de seu enredo, seus
personagens ou dos recursos estilísticos do autor. A Hora da Estrela foi um
prato cheio pra mim.
Em suma, com menos de 90 páginas
Clarice foi capaz de criar uma história que apesar de sua simplicidade e de seu
número de personagens extremamente reduzido, nos cativa desde o início e nos
deixa pensando se, no fundo, não passamos de uma caixinha de música meio
desafinada como Macabéa.
Gustavo, ou simplesmente Gus, tem 16 anos e mora em São Paulo. É órfão de Harry Potter, Lufano, professor, pianista e sinestésico. Antissocial, tranca-se no quarto por horas para ler e ouvir música. Nutre o sonho de viajar pelo mundo e ser escritor, e já começou a tecer suas próprias histórias.
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