- 1994 (2h 21min)
- Tom Hanks, Gary Sinise, Robin Wright
- Comédia dramática, Romance
"Minha mãe dizia que a vida é como uma caixa de bombons:
você nunca sabe o que vai encontrar".
A arte de contar histórias é uma habilidade adquirida por meio de
muito treino, ou, é claro, se quem a conta tiver vivenciado cada detalhe. Para
alguns, não importa se o conteúdo relatado seja verdade ou mentira, basta
apenas que o modo com que a narrativa é destrinchada seja natural, sincera,
simples e apaixonante. É esse estilo, essa nobre forma de se contar uma
história, que fica marcada não somente na lembrança de quem a viveu, mas
sobretudo na daqueles que escutaram com atenção e respeito.
Como já é de conhecimento geral (pelo menos deveria ser),
histórias marcantes têm o direito de serem revisitadas. Não no intuito de
evitar um possível esquecimento, e sim para relembrar os aspectos que as tornam
tão memoráveis. Forrest Gump: O Contador de Histórias possui os
ingredientes certos para rebuscar na nossa mente os motivos pelos quais não
deve ser esquecido.
Forrest Gump (Tom Hanks)
é um rapaz simples que cresceu em uma pequena cidade do Alabama. Na infância, tinha
problemas ortopédicos e foi criado de acordo com os conceitos que sua mãe tinha
do mundo, o que talvez seja a razão para o personagem ser tão ingênuo. Contudo,
atrevo-me a dizer que a inocência de Gump é o fator que mais encanta e
surpreende o espectador, pois ele atravessa todas as etapas da "jornada do
herói" sem perdê-la em nenhum momento. Esta forma infantil de enxergar as
coisas dá à narrativa uma comicidade irresistível que permeia quase todo o
filme. Ainda criança, Forrest descobre o valor da amizade ao lado de Jenny, e
graças a ela aprendeu a correr e a amar.
O fato de correr como o vento garantiu a Forrest uma vaga no time
de futebol. De maneira ingênua (é importante não esquecer isso), ele tornou-se
um atleta astro durante os anos de faculdade. Após se formar, alistou-se no
exército e foi recrutado para servir na Guerra do Vietnã. Lá ele conhece Bubba,
um pescador de camarão, e o Tenente Dan Taylor, futuro sócio. Sem entrar muito
em detalhes, enquanto as oportunidades surgem para Forrest progredir na vida,
ele nunca tira da cabeça sua amada Jenny. Como é exposto no decorrer da
exibição, Jenny não tem a mesma sorte, embarcando no movimento hippie da década
de 60, nos prazeres carnais, e conhecendo as novas maneiras de "expandir a
mente". E o gentil Forrest, dotado da capacidade de compaixão, ainda vê em
Jenny a garotinha pura de outrora, nas mais diversas situações embaraçosas.
O filme estreou nos cinemas em 1994, ganhou 6 Orcars (incluindo o
de Melhor Filme e Melhor Ator para Tom Hanks) e foi dirigido por Robert Zemeckis (Diretor dos clássicos Uma
Cilada para Roger Rabbit e da trilogia De Volta para o Futuro). Além
da simplicidade e da beleza com as quais Zemeckis dirigiu o longa, o roteiro de
Eric Roth, baseado no romance escrito por Winston
Groom, também merece seu destaque; ainda que o foco do enredo seja a vida
de Forrest e sua paixão inesgotável por Jenny, por trás de tudo isso há os
acontecimentos marcantes da história dos Estados Unidos, de modo que Forrest
presencia os principais fatos do século XX que ocorreram no seu país e os
relata como se fossem coisas corriqueiras.
Importante ressaltar os efeitos especiais, que na época foram
revolucionários. Afinal, deram a Forrest a possibilidade de se encontrar com
pessoas que já estavam mortas. Como, por exemplo, na cena em que Gump vai a um
programa de TV e conhece John Lennon, encontro este que inspirou o músico a
escrever uma de suas canções mais conhecidas: Imagine. Graças também à
computação gráfica, Forrest encontrou-se com os presidentes John Kennedy e
Richard Nixon.
De
um jogador de futebol, Forrest passou a ser um herói americano, capitão de um
barco, campeão nacional de ping-pong e dono de empresas bem sucedidas, nunca
abandonando suas maiores características: a inocência e a bondade, mesmo diante
da desigualdade, do abandono e da morte. Um enredo narrado de forma alegre,
frágil e engraçada, com seus momentos lindos e tocantes; dignos de serem
recordados por muitos anos. Forrest Gump: O Contador de Histórias é um
filme que mistura ficção com verdade e que não tem a pretensão de mudar a
atitude das pessoas. Porém, para quem escuta e assiste, encanta e inspira com
uma tremenda facilidade. Como toda boa história deve fazer.
"Eu corria para chegar aonde estava indo. Nunca
achei que isto ia me levar a algum lugar".