Resenha - Dragões de Éter (Caçadores de Bruxas)



Título: Dragões de Éter
AutorRaphael Draccon
Editora: Leya
Número de Páginas: 440
ISBN9788562936333
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*Bate em um microfone imaginário três vezes. Um som agudo de interferência é projetado, quase estourando o tímpano dos ouvintes/leitores.*

Opa. Desculpa. Estão me lendo? Certo.

Primeiramente, uma informação: Aqueles entre 12 e 18 anos serão selecionados para lutar até a morte Boa parte da equipe do Até a Última Página está em um clima, digamos, patriótico com base no Amigo Secreto com livros exclusivamente nacionais [edição tardia: os infelizes liberaram os internacionais também] que está previsto para acontecer no Clube do Livro do qual alguns de nós temos a honra de participar (aliás, se você for de São Luís, deveria juntar-se a nós. I Want You!). Sendo assim, dessa vez resolvi fazer um dos meus arremedos de resenha com um dos poucos livros de escritores brasileiros que peguei para ler sem ser forçado pela escola — eu sei, eu sei, é vergonhoso — na esperança de mostrar para vocês, assim como mostrou a mim, que tem, sim, coisa boa e contemporânea por aqui em nossas terras tupiniquins (odeio essa expressão) sem ser necessário verificar o dicionário a cada cinco segundos.Apesar do nome, Dragões de Éter não nos conta a história de Dragões e seus respectivos cavaleiros como fazem as sagas Ciclo da Herança e Crônicas do Mundo Emerso, mas sim da seguinte forma:


Nova Ether é um mundo protegido por poderosos avatares em forma de fadas-amazonas. Um dia, porém, cansadas das falhas dos seres racionais, algumas delas se voltam contra as antigas raças. E assim nasce a Era Antiga. Essa influência e esse temor sobre a humanidade só têm fim quando Primo Branford, o filho de um moleiro, reúne o que são hoje os heróis mais conhecidos do mundo e lidera a histórica e violenta Caçada de Bruxas. Primo Branford é hoje o Rei de Arzallum, e por 20 anos saboreia, satisfeito, a Paz. Nos últimos anos, entretanto, coisas estranhas começam a acontecer... Uma menina vê a própria avó ser devorada por um lobo marcado com magia negra. Dois irmãos comem estilhaços de vidro como se fossem passas silvestres e bebem água barrenta como se fosse suco, envolvidos pela magia escura de uma antiga bruxa canibal. O navio do mercenário mais sanguinário do mundo, o mesmo que acreditavam já estar morto e esquecido, retorna dos mares com um obscuro e ainda pior sucessor. E duas sociedades criminosas entram em guerra, dando início a uma intriga que irá mexer em profundos e tristes mistérios da família real. E mudará o mundo.


Não posso dizer que Dragões de Éter tem uma trama original, uma vez que entra de cabeça em um dos blocos “de modinha” que hoje aparecem sucessivamente na literatura e nos meios de entretenimento em geral. Primeiro vimos os bruxos, e então os vampiros, logo lobisomens, então tivemos os anjos e agora — tcharã! — é a vez de explorar os contos de fadas até o talo.  Podemos exemplificar isso citando A Garota da Capa Vermelha — filme adaptado para livro —, Espelho, Espelho Meu — filme —, Branca de Neve e o Caçador — filme adaptado para livro — e, entre as séries de TV, Once Upon a Time e Grimm.Entretanto, embora não possa dizer que é uma ideia original, temos pontos a favor do autor de nome com pinta de gringo, Raphael Draccon: a primeira edição do livro (pela Planeta do Brasil, com 420  páginas) foi lançada já em 2007, tornando-se assim, se não o pioneiro (muita presunção, talvez), um dos primeiros a entrar nessa nova onda. E que bela onda! Draccon nos pega de jeito com sua releitura de contos que conhecemos desde que nos entendemos por gente. E o melhor: responde a perguntas que talvez nunca tenhamos nos feito.


Diz aqui para mim, você nunca parou para pensar o quão estranho é uma doce velhinha já quase batendo as botas morar sozinha isolada no meio da floresta? Ou então, que diabos de mãe deixa a filha, ainda uma criança, atravessar a floresta sozinha só para levar uns doces para a já citada velhinha com mania de ostracismo? Muuuuito estranho. Tem coisa aí, não? E Draccon nos diz exatamente o que é. E ainda mais, de forma totalmente plausível.

Ah! Apesar de ser baseado em contos de fadas (eu já disse que no livro realmente há fadas? E bruxas!), não vá esperando que, após bater com o dedinho no canto da porta, a Branca de Neve vá fazer um número musical sobre “A Dor Sufocante ao Bater o Dedinho do Pé”. Não, Não! Passamos longe da Disney aqui.O livro tem como fundo uma época medieval, com nações com Reis (com R maiúsculo) e rainhas (com r minúsculo!) que são quem dão as cartadas por lá, obedecendo, é claro, os desígnios do Criador e dos seus semideuses (pessoas como eu e você, que lemos os livros e lhes dão vida. Aliás, esse conceito nos rende momentos extraordinários na leitura, porque nos torna personagens!). Neste lugar — mais expecificamente no reino de Arzallum — vivem Ariane Narin, João e Maria Hanson, famosos por terem sobrevivido a situações um tanto... anormais. Talvez você os conheça por suas alcunhas de Chapeuzinho Vermelho e João e Maria da Casa dos Doces — aliás, a releitura dessa última história é macabra, você fica realmente assustado ao vê-los... cof, mas enfim, melhor não estragar sua experiência.

Dragões de Éter: Caçador de Bruxas é um livro de leitura muito válida e que supera expectativas por completo. Que não é o meu livro favorito, mas certamente tem o meu narrador preferido. Alguns leitores até estranham no início, com um narrador ali literalmente falando contigo ao contar a história e tomando todo o tipo de atalhos e caminho que lhe apetece — afinal, ele é o chefão — mas logo você se acostuma e nota a mágica da coisa, viajando numa experiência única.

Se ainda assim ainda não o seduzi a ler o livro, faço um apelo: os personagens precisam de você para existir. Só vivem enquanto você está lendo as palavras que lhe dão o ar. Você não vai querer deixa-los parados no tempo não é mesmo, semideus? Boa leitura!


Ei, desliga o microfone para mim!

VALENDO TOP COMENTARISTA


Claudio Pereira
Claudio Pereira, vulgo Diio, tem 20 anos e se assusta ao escrever isso. Já foi CDF e nerd. Hoje é só nerd. É estudante de Administração e sonha em ser escritor, mas ainda não sabe disso. É o mais indeciso dos indecisos e sempre precisa adiantar seu relógio em 30 minutos para não chegar atrasado aonde quer que vá.  

Ideval Junior

Capricorniano. Blgoueiro nos tempos livres. Adimirado pela sua Estante. 18 anos.

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