Resenha - O Nome do Vento


Autor: Patrick Rothfuss
Editora: Sextante
Ano: 2009
Nº Páginas: 650




Ninguém sabe ao certo quem é o herói ou o vilão desse fascinante universo criado por Patrick Rothfuss. Na realidade, essas duas figuras se concentram em Kote, um homem enigmático que se esconde sob a identidade de proprietário da hospedaria Marco do Percurso.
Estamos em um tempo em que toda e qualquer nova série de livros (e filmes) com um protagonista adolescente em um mundo com estampidos e luzes sobrenaturais é tachado de “Novo Harry Potter”. Uma isca clara para os milhares de órfãos nascidos com fim da saga do bruxinho, sedentos por um livro a que possam chamar de seu e mergulhar nele com a mesma intensidade a que foram familiarizados.
“O Nome do Vento” não foge à regra.
Agora, sobre ser equivocado ou não, só vocês poderão dizer.
A obra de Patrick Rothfuss desenrola a história de Kvothe, um homem — ou seria ainda um garoto? Ou talvez ainda uma espécie de... Deus? — multifacetado, que carrega em seus ombros uma mescla de mitos, verdades e mentiras entrelaçadas de tal forma que é impossível discernir uma coisa da outra. A não ser, é claro, que o próprio Kvothe nos diga.
Narrado em trechos assimétricos de terceira e, na maioria, primeira pessoa, somos apresentados ao Kvothe atual, as lendas que o cercam e a promessa de descobrir como ele chegou até lá. Promessa essa que nos consome o coração e nos torna verdadeiros dependentes da história do jovem talentoso de cabelos vermelhos como o fogo e olhos verdes como grama primaveril.
Seria um mago? Um músico? Um herói? Um vilão?
Deixemos que se apresente.

"Meu nome é Kvothe, com pronúncia à de ''Kuouth''. Os nomes são importantes, porque dizem muito sobre as pessoas. Já tive mais nomes do que alguém tem o direito de possuir. Meu primeiro mentor me chamava de E'lir, porque eu era inteligente e sabia disso. Minha primeira amada de verdade me chamava de Duleitor, porque gostava desse som. Já fui chamado de Umbroso, Dedo-Leve e Seis-Cordas.Fui chamado de Kvothe, o Sem-Sangue; Kvothe, o Arcano; e Kvothe, o Matador do Rei. Mereci esses nomes. Comprei e paguei por eles. Mas fui criado como Kvothe. Uma vez meu pai me disse que isso significava "saber". Fui chamado de muitas outras coisas, é claro. Grosseiras, na maioria, embora pouquíssimas não tenham sido merecidas. Já resgatei princesas de reis adormecidos em sepulcros. Incendiei a cidade de Trebon. Passei noites com Feluriana e saí com minha sanidade e minha vida. Fui expulso da Universidade com menos idade que a maioria consegue ingressar nela. Caminhei à luz do luar por trilhas de que outros temem falar durante o dia. Conversei com deuses, amei mulheres e escrevi canções que fazem os menestréis chorar Vocês devem ter ouvido falar de mim" 

Verdade, Kvothe. Ouvimos, sim.
Depois de descobrirmos um Kvothe — agora conhecido como Kote — escondido sob a identidade do proprietário de uma hospedaria em uma cidadezinha em um canto esquecido do mundo, somos apresentados a momentos importantes da vida do personagem, que são muitos e praticamente impossíveis de listar, uma vez que o livro conta parte de uma vida. Por isso, reproduzirei parte da sinopse no próprio livro, na esperança de que fale o suficiente, sem dizer demais. Afinal, se a editora acreditou que colocando tal texto nas costas do livro poderia vende-lo, quem sou eu para duvidar?


"Da infância numa trupe itinerante, passando pelos anos vividos numa cidade hostil e pelo esforço para ingressar na escola de magia. O Nome do Vento acompanha a trajetória de Kote e as duas forças que movem sua vida: o desejo de aprender a arte de nomear as coisas e a necessidade de reunir informações sobre o Chandriano - o lendário e misterioso grupo que assassinou sua família"

Depois de quase chorar com os sentimentos palpáveis e descritos com perfeição na primeira parte do livro — céus, o Rothfuss é um excelente contador de histórias, cara — e ficarmos assombrados e maravilhados em conhecer os nossos prováveis futuros e misteriosos e fodásticos vilões — Chandriano!! — nos deparamos com a famosa Universidade, tachada de escola de magia — e que confronta de vez a comparação com Harry Potter — embora não ensine realmente... bom, mágica. Não da forma que Kvothe esperava, pelo menos. Eles não nomeiam coisas. (Aliás, esse lance de “verdadeiro nome” das coisas lembra MUITO à magia do mundo de Eragon, porém as semelhanças ficam por aí — thanks God. Mesmo assim é de dar uma leve franzida de cenho ao se notar tal fato.) Bom, até que Kvothe conhece o Elodin... mas isso é algo que vocês devem ver por si mesmos.
Uma história de amor, de vingança, de amizade e, por favor sempre, magia. Tudo compilado nesse tijolão amarelo com uma capa linda. Acredito piamente que O nome do vento é um livro que todos os amantes de ficção fantástica — ou aos que procuram se iniciar nesse verdadeiro culto — deveriam ler.

Um aviso: Não espere grandes embates nesse primeiro momento. Se trata somente do primeiro livro e aqui nos é contada a história de Kvothe dos 11 aos 15 anos. É só o começo dessa saga e muita coisa ainda está por vir. Mas de forma alguma isso se torna decepcionante, acredite.
Também que, embora lembre Harry Potter, temos um mundo muito mais aberto aqui, praticamente infinito, com cenários diversificados e situações bastante distintas e que não se atém à Universidade, como Rowling faz com Hogwarts.
É um livro um pouco cansativo, bastante extenso, e provavelmente não despertará grandes motivações de quem está acostumado a romances finos de banca de revista. Mas se você se permitir mergulhar na história, nas descrições e na dúvida sobre a personalidade desse personagem complexo e maravilhoso que é o Kvothe, acredite, eis aqui um livro com potencial de se tornar o seu novo livro favorito.
No mais, eu, como um órfão de Harry Potter, acredito de verdade ter encontrado o que pode ser o meu novo lar.


Sobre o Autor:
Claudio Pereira Claudio Pereira, vulgo Diio, tem 20 anos e se assusta ao escrever isso. Já foi CDF e nerd. Hoje é só nerd. É estudante de Administração e sonha em ser escritor, mas ainda não sabe disso. É o mais indeciso dos indecisos e sempre precisa adiantar seu relógio em 30 minutos para não chegar atrasado aonde quer que vá.

Ideval Junior

Capricorniano. Blgoueiro nos tempos livres. Adimirado pela sua Estante. 18 anos.

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