{Resenha} Dragões de Éter - Raphael Draccon

Autor: Raphael Draccon
Editora: Leya
Ano: A partir de 2007.
Números de páginas: 438, 495 e 534.

Olá, leitores! Hoje farei uma resenha um tanto entristecido por ter terminado uma das séries mais legais que eu já li, escrita por um brasileiro chamado Raphael Draccon. Peço paciência a todos, porque hoje teremos uma resenha um pouco mais extensa, já que falaremos de três livros: Caçadores de Bruxas, Corações de Neve e Círculos de Chuva.

Lembro que conheci esses livros quando comprei algum outro e veio um folhetinho com informações sobre a série. De cara eu já quis ler, mas nem tudo a gente pode ter na hora, certo? Fui ler depois de um tempo e me arrependi de ter demorado tanto.

Enfim, vamos ao que interessa. Não darei muitas informações para não estragar a leitura de ninguém (se é que eu realmente deixo alguém com vontade de ler), mas darei o suficiente para tentar fazê-lo.
Comecemos, claro, com o primeiro, Caçadores de Bruxas. Um detalhe: não escreverei aqui as sinopses dos livros inteiras. Somente uma parte, a que não revela nada.

Nova Ether é um mundo protegido por poderosos avatares em forma de fadas-amazonas. Um dia, porém, cansadas das falhas dos seres racionais, algumas delas se voltam contra as antigas raças. E assim nasce a Era Antiga. Essa influência e esse temor sobre a humanidade só têm fim quando Primo Branford, o filho de um moleiro, reúne o que são hoje os heróis mais conhecidos do mundo e lidera a histórica e violenta Caçada de Bruxas. Primo Branford é hoje o Rei de Arzallum, e por 20 anos saboreia, satisfeito, a paz. Nos últimos anos, entretando, coisas estranhas começam a acontecer...

Para começar, imagine um mundo extenso, mas com apenas dois continentes, o Nascente e o Ocaso. É nesse mundo que, antes do tempo narrado no livro, aconteceu a Caçada, tempos sombrios que mulheres realizavam rituais macabros com pessoas vivas e não hesitavam em atormentar criancinhas inocentes: as famosas bruxas. Essas terríveis bruxas eram fadas que, devido ao seu desapontamento com a raça humana, acabaram caindo.

Foi a época que caíram fadas. Em que nasceram bruxas. [...] E então as bruxas desafiaram as fadas. E os homens desafiaram as bruxas. Foi assim que nasceram as caçadas. E foi assim que nasceram os caçadores.

O livro começa contando a história de alguns dos personagens principais e introduzindo Nova Ether ao leitor. O autor criou personagens incríveis e que, em parte, já conhecemos. Lembra da Chapéuzinho Vermelho, do João e da Maria, e outros contos infantis? Então, eles estão - quase - todos aqui, só que de uma maneira mais feroz, vívida e plana, com vidas e personalidades diferentes. Em algumas partes, é perceptível a influência.

Não sei se explico muito bem, mas Draccon pega contos que já conhecemos e dá uma nova vida a eles dentro de sua própria história, sem perder a magia e o fascínio das histórias.

Enfim, toda a paz que reinou depois das Caçadas acaba quando duas sociedades criminosas surgem e roubam a paz dos moradores do reino de Arzallum, dando início a uma intriga que envolverá plebeus, príncipes e segredos da família real. "E mudará o mundo."

Sobre a escrita, Raphael Draccon escreve de um jeito totalmente diferente de tudo o que eu já li. Ele consegue balancear o enredo da história com diálogos e pensamentos filosóficos, além de um pouco de comédia, o que é indispensável, de uma maneira que poucas histórias foram escritas. O que eu quero dizer é que quando você lê, parece que o autor quer mudar o seu jeito de observar e interpretar o mundo, porém, deixando isso à sua maneira.

"Se os sonhos são forjados no éter hoje... nós iremos tocar na quinta essência."

Ok, vou admitir uma coisa. Chegou uma parte que eu pensei algo como "não aguento mais todas essas aulas de filosofia", e acho que boa parte dos leitores também pensou. O autor chega a dar uma pequena viajada às vezes, mas depois você vê que tudo tem um sentido.

A segunda parte, Corações de Neve, começa pouco tempo depois do fim da primeira.

Nova Ether é um mundo protegido por poderosos avatares em forma de fadas-amazonas. Um dia, porém, cansada das falhas dos seres racionais, algumas delas se voltam contra as antigas raças. E assim nasce a Era Antiga. Hoje, Arzallum, o Maior dos Reinos, tem um novo Rei, e a esperada Era Nova se inicia. Entretanto, coisas estranhas continuam a acontecer... 

 Realmente começam a acontecer. Arzallum sofre uma reviravolta e uma mudança radical na família real. E é aqui que somos apresentados aos outros reinos do continente Ocaso - reinos estes que nem sempre têm um humano como comandante. O surgimento de um novo grupo promete causar polêmica em Nova Ether. E um dos principais acontecimentos da série toma conta da história: a chegada de visitantes do outro continente, com novidades que ninguém no Ocaso imaginaria. E é aqui que finalmente se inicia um evento brevemente mencionado no primeiro volume: o torneio de pugilismo Punho de Ferro.

"Existe uma força dentro do espírito humano que pode ser moldada. E esta força é capaz de gerar feitos extraordinários em dimensões que o mundo material não pode alcançar..."

Apesar de todos esses acontecimentos, o segundo livro foi o que eu menos gostei. Claro que é uma opinião pessoal. Não sei se foi porque não sou um grande fã de pugilismo e o torneio toma uma grande parte do livro mas, diante dos outros acontecimentos e da escrita cativante, a leitura continua sendo prazerosa. Ou seja, mesmo não gostando de lutas, o autor me instigou a continuar a leitura com seu jeito único de escrever, mostrando o quanto o povo de Arzallum é unido a apaixonado pela sua nação.

Foi nesse volume que eu conheci um dos personagens que eu mais gostei da série, se não foi o que eu mais gostei: Ruggiero, um dos lutadores do torneio. Ele é capaz de ensinar muita coisa a todos, mesmo em suas breves aparições.

Mas quem seria capaz de morrer, ou viver, por uma pergunta e uma resposta? A resposta: depende da pergunta.
Mas depende muito mais da própria resposta.
Uma resposta de uma dúvida ansiada por mortais e por semideuses. Uma resposta procurada por criaturas e por criadores, em diversos locais onde ela não está.
Uma resposta capaz de mudar o mundo.
Quantas guerras serão necessárias para que tenhamos um pouco de paz?

O livro termina de um jeito que dá vontade de pegar o próximo na hora. Do jeito que todos os leitores gostam.

Círculos de Chuva é, de longe, o melhor.

Nova Ether é um mundo protegido por poderosos avatares em forma de fadas-amazonas. Um dia, porém, cansada das falhas dos seres racionais, algumas delas se voltam contra as antigas raças. E assim nasce a Era Antiga. Hoje, Arzallum, o Maior dos Reinos, tem um novo Rei e vive a esperada Era Nova. Coisas estranhas, entretanto, nunca param de acontecer...

Essa parte da história é um perfeito exemplo de como nossas ações podem acarretar grandes, ou enormes, consequências. Como a Primeira Guerra Mundial de Nova Ether.

Aqui, coisas que eu não esperava que acontecessem acabaram acontecendo e mudando totalmente o rumo da história. Nesse ponto avançado da história, nós percebemos como os personagens cresceram e tornaram-se fortes, capazes de combater laços de magia negra, exércitos rebeldes e, claro, decepções amorosas.

O mundo de Nova Ether, tanto o povo do Ocaso quanto o do Nascente, está se agitando, pois novas forças estão descendo sobre seu povo. Literalmente descendo.

"Toda lágrima é um círculo que se desfaz mas que nunca se rompe."

Para concluir (ufa!), essa série é recomendada a todos. O autor consegue misturar magia, guerras, lutas, romances, aventuras e tudo o que uma série de literatura fantástica tem direito. Fantástica com F de fabulosa. Só um detalhe, de origem meio pessoal: não espere muitos dragões nessa série, como em Eragon. Esses seres, no mundo de Nova Ether, são meio subjetivos, porém não vou negar a existência de nada. Pode ser meio decepcionante, mas garanto que vocês nem sentirão muita falta deles.

Então, é isso. Espero duas coisas: que vocês tenham gostado da resenha, porque ela deu trabalho, viu. E que apreciem a leitura tanto quanto eu apreciei.

Design dos livros: 10
Desenvolvimento: 9
Originalidade: 8
Leitura: 8


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Ideval Junior

Capricorniano. Blgoueiro nos tempos livres. Adimirado pela sua Estante. 18 anos.

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