Filme - Troia (2004)



Em 1193 a.C., o príncipe Páris provocou uma guerra contra Troia ao afastar Helena de seu marido, Menelau.Tem início então uma sangrenta batalha que dura uma década. A esperança do rei Príamo de Troia em vencer a guerra está nas mãos de seu filho Heitor e de Aquiles, o maior herói da Grécia. Depois de algum tempo, este perde seu primo e fica muito bravo e então se vinga, desafiando Heitor e o matando. Esse, de 2004, é um dos três filmes baseados na Ilíada, de Homero.








Troia, o filme, e as conquistas sem Cavalos

[Sérgio Bernardo]



Dia desses, passou de novo na tevê Troia, de Wolfgang Petersen, filme de 2004.


Quando ainda estava nas telas, assisti ao filme, que sabia mais ou menos comprido, com um providencial pacote de amendoins antissono sobre o colo. E lá pelas tantas, estoque acabado, não deu mesmo pra segurar e cochilei alguns minutos. Todo filme parece que reserva umas cenas arrastadas e chochas exatamente com esta finalidade, a de induzir o espectador a uma pausa para relaxamento, breve ou longa, dependendo do grau de cansaço ou lerdeza de cada um.


Não pude, ao fim da produção, chegar ao veredito de que havia gostado nem detestado. O filme é mediano, com atuações e efeitos idem. Nem mesmo a fotografia é grande coisa, já que prevalecem as filmagens realizadas no interior de cenários, embora megacenários, bem ao gosto dos nossos antípodas americanos do norte. A história é aquela mesma já conhecida, com umas pinceladas de romance de folhetim, ao bel-prazer do roteirista. Não chega a comover nem a morte carregada de humilhação que um dos príncipes troianos (justo o que não é covarde) encontra na ponta da espada do semideus Aquiles. Este, encarnado pelo anabolizado Brad Pitt, mais para guerreiro viking do que herói grego, lidera a horda do mal (na concepção do diretor, quem sabe?), numa disputa pau a pau com o rei Agamenon, irmão do ultrajado Menelau. O rei de Esparta ficou sem a beleza de Helena, loiríssima que foi tratar da vida nos braços menos fortes, porém, mais jovens do príncipe Páris, da entesourada e então inconquistável Troia. A desculpa para lançar os mil navios em direção ao reino inimigo, situado na Ásia Menor, atual Turquia, era vingar a honra pejada do nobre espartano, recapturar a rainha fujona para sangrá-la em território grego e arrancar a cabeça do troiano sedutor. Na verdade, o plano maior era a destruição completa da cidade-estado a oriente, rival em poder e potencial bélico, além da antiquíssima sanha de pilhagem, que até hoje perdura como prática, no mais das vezes camuflada. Quem não viu esse filme no Iraque de Saddam, invadido sem a poética invenção de um cavalo de madeira?


O que ficou de Troia, por uma ótica positiva, foi a constatação, naquelas cenas que por minutos reproduziram a realidade imemorial, de que, há 3.200 anos, pelo menos os reis combatiam in loco por seu povo, liderando seus exércitos munidos de espadas, lanças e arcos e flechas, armas cujo efeito mortífero só é possível caso haja um embate corpo a corpo. Coisa de gladiador, que a luta livre e o boxe de hoje tentam arremedar em coragem e honra. Queria era ver um Obama da vida se desaquartelar das muralhas do reino mais belicoso da terra para conduzir pessoalmente seus soldados nos reinos dos outros, expondo-se à morte como um daqueles bravos guerreiros mitológicos. Algo que somente um rei no sentido mais puro e pleno do termo seria capaz de fazer: lá na linha de frente, sem covardia ou temor, na defesa de sua gente e pronto para morrer pelo ideal da vida inteira.



Sérgio Bernardo é escritor, autor dos livros Caverna dos signos e Asfalto, e co-autor da coluna Sem poesia não dá do jornal virtual Sobrecapa Literal.

Ideval Junior

Capricorniano. Blgoueiro nos tempos livres. Adimirado pela sua Estante. 18 anos.

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